As inundações são uma das catástrofes naturais mais frequentes e devastadoras em todo o mundo. Podem ser causadas por uma variedade de factores naturais e humanos e afectam milhões de pessoas todos os anos. Este artigo examina as causas das inundações, os diferentes tipos de inundações, o seu impacto nas áreas afectadas e as estratégias globais de preparação que estão atualmente a ser desenvolvidas e aplicadas para prevenir ou minimizar o impacto destas catástrofes.

As inundações são uma das catástrofes naturais mais frequentes. Por isso, é ainda mais importante minimizar os seus efeitos. Crédito: Unsplash
O que é uma inundação?
Uma inundação é um evento em que a água numa área sobe acima da superfície terrestre de uma forma invulgar. Esta situação pode ser causada por vários factores naturais e humanos. Normalmente, as inundações ocorrem quando o volume de água numa massa de água ou numa área aumenta de tal forma que já não pode ser drenado, deixando grandes áreas de terra debaixo de água.
As inundações podem ocorrer tanto em zonas urbanas como rurais e podem ter uma série de impactos, desde danos nas infra-estruturas até à perda de vidas humanas. Têm o potencial de causar não só destruição a curto prazo, mas também danos económicos, sociais e ambientais a longo prazo.
Causas das inundações
Causas naturais
Há uma variedade de causas naturais que podem levar a inundações. Estas incluem:
- Chuvas fortes e aguaceiros súbitos: A precipitação intensa num curto período de tempo pode exceder a capacidade dos rios e canais, provocando inundações. As zonas montanhosas estão particularmente em risco, onde as chuvas fortes podem escoar-se rapidamente e provocar a subida dos rios.
- Derretimento da neve: Na primavera, grandes quantidades de neve acumuladas durante meses derretem. Quando o escoamento da água de fusão aumenta mais rapidamente do que o solo a consegue absorver, ocorrem inundações, especialmente nos vales das montanhas e ao longo dos rios.
- Ondas de tempestade e erosão costeira: Nas regiões costeiras, tempestades fortes, como furacões ou ciclones, combinadas com níveis de água elevados, podem provocar ondas de tempestade. Estas trazem a água do mar para zonas agrícolas ou cidades e provocam inundações graves.
- Ciclones tropicais: Nos trópicos, a forte precipitação e os ventos dos ciclones provocam frequentemente inundações. Os Estados insulares e as zonas costeiras estão particularmente em risco.
Causas humanas
As actividades humanas podem também contribuir para o desenvolvimento e a intensificação das inundações:
- Urbanização e construção: nas cidades, o escoamento natural das águas é frequentemente bloqueado pelo asfalto e pelo betão. Estas superfícies impermeabilizadas impedem a infiltração da água da chuva, o que leva a inundações, especialmente durante chuvas fortes. As cidades situadas em zonas costeiras ou baixas estão particularmente em risco.
- Drenagem inadequada: Se os sistemas de drenagem, tais como esgotos ou bacias de retenção de águas pluviais, forem inadequadamente dimensionados ou mal mantidos, isso pode levar a inundações.
- Desflorestação e alterações do uso do solo: As florestas e a vegetação natural absorvem o excesso de água e impedem que esta entre nos rios ou massas de água em grandes quantidades. A destruição das florestas e a expansão das terras agrícolas podem reduzir a capacidade de drenagem da água e, assim, aumentar o risco de inundações.
Tipos de inundações
As inundações manifestam-se de várias formas, consoante as causas e a região afetada. Os tipos mais importantes são
- Inundações fluviais: Este tipo de inundação ocorre quando os rios ou ribeiros transbordam das suas margens. Na maior parte dos casos, são o resultado de chuvas fortes durante longos períodos de tempo ou do degelo da neve.
- Chuvas fortes e inundações repentinas (cheias repentinas): As cheias repentinas são inundações súbitas e intensas que ocorrem frequentemente em zonas urbanas. Estas ocorrem frequentemente durante chuvas extremas num período de tempo muito curto, que ultrapassam a capacidade de descarga dos sistemas de drenagem.
- Inundações costeiras: Estas inundações ocorrem devido a tempestades ou à subida do nível do mar associada a condições meteorológicas extremas. As regiões costeiras estão particularmente em risco devido à subida do nível do mar causada pelas alterações climáticas.
- Falhas de barragens: Em casos raros, a destruição de uma barragem pode levar a inundações catastróficas, colocando enormes áreas debaixo de água num espaço de tempo muito curto.
Zonas de risco e alterações climáticas
Certas zonas são particularmente propensas a inundações. Estas incluem:
- Regiões costeiras: Os Estados insulares e as zonas costeiras pouco profundas, em particular, estão em risco de tempestades, subida do nível do mar e inundações.
- Zonas de planície e planícies aluviais: Os vales montanhosos com rios que os atravessam são frequentemente afectados por inundações fluviais. Em muitas destas regiões, a construção de infra-estruturas em zonas de risco constitui um grande desafio.
- Zonas urbanas: A urbanização crescente e os elevados níveis de impermeabilização dos solos aumentaram o risco de inundações repentinas nas zonas urbanas. Cidades como Bombaim, Nova Iorque e Jacarta são regularmente afectadas por este tipo de inundações.
Com os efeitos das alterações climáticas, as inundações tornaram-se mais frequentes e mais intensas em todo o mundo. O aumento das temperaturas globais está a aumentar a evaporação e a provocar chuvas mais intensas. Ao mesmo tempo, os glaciares e as calotes polares estão a derreter, o que aumenta o risco de inundações nas regiões costeiras e nas zonas de planície. O aumento da temperatura do mar está também a contribuir para a intensificação das tempestades tropicais e das vagas de tempestades.
Estratégias de precaução e medidas de proteção
Face ao aumento da frequência e da intensidade das inundações, muitos países tomaram medidas para se protegerem contra estas catástrofes naturais e minimizarem o seu impacto. As estratégias de preparação podem ser divididas em duas categorias principais: soluções técnicas e soluções baseadas na natureza.
Soluções técnicas
- Defesas contra inundações: incluem diques, barragens e barreiras concebidas para impedir a entrada de água nas cidades e nas zonas agrícolas. Estas medidas são frequentemente necessárias, especialmente perto da costa e nos vales dos rios.
- Bacias e túneis de retenção de águas pluviais: Estes sistemas recolhem o excesso de água da chuva e drenam-na de forma controlada antes de provocar inundações. São particularmente importantes em zonas urbanas onde o solo é fortemente impermeabilizado.
- Trincheiras de infiltração e gestão de polderes: Em áreas onde a terra está abaixo do nível do mar, como nos Países Baixos, os polders são utilizados para regular o equilíbrio da água. As trincheiras de infiltração ajudam a armazenar e a infiltrar a água da chuva de uma forma direcionada.
Soluções baseadas na natureza
- Renaturalização dos rios: A recuperação dos cursos naturais dos rios e das planícies aluviais pode melhorar o escoamento da água e evitar inundações. O regresso dos rios ao seu curso natural ajuda a minimizar o risco de inundações fluviais.
- Infra-estruturas verde-azuladas: Incluem a criação de espaços verdes e reservatórios de água nas zonas urbanas. As plantas, os espaços verdes e as esponjas podem absorver a água da chuva e melhorar a infiltração. Os telhados verdes e os tanques de águas pluviais são exemplos dessas medidas.
- Cidade esponja: Este conceito baseia-se na ideia de conceber as cidades de modo a que funcionem como uma esponja e possam absorver eficazmente a água da chuva. Revestimentos especiais para o chão, telhados plantados e superfícies rodoviárias permeáveis permitem que a água escoe mais lentamente, reduzindo a carga sobre os sistemas de drenagem.
Planeamento urbano integrador e cooperação interdisciplinar
A luta contra as inundações exige uma cooperação estreita entre diferentes disciplinas. Os urbanistas, arquitectos paisagistas, engenheiros e peritos ambientais devem trabalhar em conjunto para desenvolver soluções que tenham em conta os aspectos técnicos e ecológicos. O planeamento urbano integrado deve respeitar as condições naturais e, ao mesmo tempo, satisfazer as necessidades da infraestrutura urbana.
A combinação de medidas de proteção contra as inundações adaptadas às respectivas condições locais com soluções baseadas na natureza reforça a capacidade de resistência das cidades e regiões às inundações. Outro elemento importante é o envolvimento da população. A educação e a sensibilização para o risco de inundações e a forma de lidar com ele são também cruciais para uma prevenção sustentável.
Conclusão
As inundações são uma das catástrofes naturais mais frequentes em todo o mundo e podem ser desencadeadas por uma série de factores naturais e humanos. Para minimizar o impacto destas catástrofes, é necessário implementar soluções técnicas e baseadas na natureza. A promoção do planeamento urbano integrado e da cooperação interdisciplinar é crucial para combater os riscos crescentes de inundações no contexto das alterações climáticas e para garantir a resiliência a longo prazo das áreas afectadas.
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